Platão e a Dialética

Platão e a Dialética

A diferença estrutural entre a condição humana e a condição dos demais seres vivos dá-se a partir da construção de sentido que os homens podem produzir sobre a sua base natural ou biológica. De modo que a natureza biológica do homem, sua vinculação com os próprios determinantes da condição natural tornam-se o substrato de sua identidade positiva, social, ética, estética e política. Assim, entre a consideração de todas as demais dimensões humanas podemos perceber a novidade ontológica deste processo de hominização particularmente produzido a partir das condições materiais de cada sociedade e cultura. Isto nos remete ao desafio de perscrutar o cerne de nossa tradição cultural e de nossa própria sociedade, que precisa estimular seus sujeitos a produzir investigações cada vez mais arque016gicas para resgatar os processos materiais e as formações econômicas que se constituíram em base das institucionalizações simbólicas e materiais efetivados pela marcha dos grupos humanos e pelas dinâmicas das sociedades de classes. O ponto de partida desse livro apresenta-se como um divisor conceitual que se consubstancia numa premissa política proeminente: a natureza híbrida e dialética da constituição histórica e política da sexualidade humana. Temos encontrado uma gama expressiva de considerações sobre a questão da sexualidade, mas há um silêncio obsequioso da Filosofia. Estudos recentes apontam para a necessidade de compreensão antropológica e filosófica da sexualidade humana. E chegada a hora de conclamar filósofos, educadores, pedagogos, psicólogos, historiadores, entre tantos artífices da condição humana, para desvendar a riqueza acumulada das vivências subjetivas e sociais da sexualidade no Ocidente. Quem se dispuser a investigar estes misteriosos mundos haverá de encontrar riquezas inimagináveis, espaços ainda não decifrados e articulações potenciais de sentido e inspiração para a necessária reflexão crítica e propositiva sobre a sexualidade contemporânea. Trata-se de reencenar a dialética do homem na história, buscar num passado redivivo os elementos que constituem a base do presente, de modo a fazer abrir uma teia de interpretações para o futuro.